06/06/2011

Verde que te quero verde

Ao pensar num nome tão obvio e simples (e bem clichê) como “Lar verde Lar”, não contei com “a falta de disponibilidade”... O nome está mais rodado na internet do que fusquinha modelo 70.
Então, depois de algumas pesquisas de “disponibilidade” e uma troca de idéias com o Gonzalo, decidimos chamar o Blog de “Casa que te quero verde”, não menos clichê, porem mais poético. E acho que o nome se identifica com o tipo de informação que a gente quer passar
E durante os próximos meses (espero que não seja anos) vamos tentar transmitir o significado de “verde”, e mostrar, quase ao vivo, o nascimento de uma casa, nossas descobertas, nossos erros e acertos...
Espero que vocês gostem e que participem desse mutirão virtual.
Continuamos recebendo propostas de nomes para a casa e me despido de vocês com esse poema de Federico García Lorca.
“Verde que te quero verde.
Verde vento. Verdes ramas.
O barco vai sobre o mar
e o cavalo na montanha.
Com a sombra pela cintura
ela sonha na varanda,
verde carne, tranças verdes,
com olhos de fria prata.
Verde que te quero verde.
Por sob a lua gitana,
as coisas estão mirando-a
e ela não pode mirá-las.

Verde que te quero verde.
Grandes estrelas de escarcha
nascem com o peixe de sombra
que rasga o caminho da alva.
A figueira raspa o vento
a lixá-lo com as ramas,
e o monte, gato selvagem,
eriça as piteiras ásperas.

Mas quem virá? E por onde?...
Ela fica na varanda,
verde carne, tranças verdes,
ela sonha na água amarga.
— Compadre, dou meu cavalo
em troca de sua casa,
o arreio por seu espelho,
a faca por sua manta.
Compadre, venho sangrando
desde as passagens de Cabra.
— Se pudesse, meu mocinho,
esse negócio eu fechava.
No entanto eu já não sou eu,
nem a casa é minha casa.
— Compadre, quero morrer
com decência, em minha cama.
De ferro, se for possível,
e com lençóis de cambraia.
Não vês que enorme ferida
vai de meu peito à garganta?
— Trezentas rosas morenas
traz tua camisa branca.
Ressuma teu sangue e cheira
em redor de tua faixa.
No entanto eu já não sou eu,
nem a casa é minha casa.
— Que eu possa subir ao menos
até às altas varandas.
Que eu possa subir! que o possa
até às verdes varandas.
As balaustradas da lua
por onde retumba a água.

Já sobem os dois compadres
até às altas varandas.
Deixando um rastro de sangue.
Deixando um rastro de lágrimas.
Tremiam pelos telhados
pequenos faróis de lata.
Mil pandeiros de cristal
feriam a madrugada.

Verde que te quero verde,
verde vento, verdes ramas.
Os dois compadres subiram.
O vasto vento deixava
na boca um gosto esquisito
de menta, fel e alfavaca.
— Que é dela, compadre, dize-me
que é de tua filha amarga?
— Quantas vezes te esperou!
Quantas vezes te esperara,
rosto fresco, negras tranças,
aqui na verde varanda!

Sobre a face da cisterna
balançava-se a gitana.
Verde carne, tranças verdes,
com olhos de fria prata.
Ponta gelada de lua
sustenta-a por cima da água.
A noite se fez tão íntima
como uma pequena praça.
Lá fora, à porta, golpeando,
guardas-civis na cachaça.
Verde que te quero verde.
Verde vento. Verdes ramas.
O barco vai sobre o mar.
E o cavalo na montanha.”

3 comentários:

  1. Mas que honra: 1º comentário e 1º seguidor?

    AMEI o nome, pode ser clichê, mas tem tudo a ver com o blog sobre moradia "verdistica"...rs

    Vou sempre acompanhar e me inspirar a um dia ter a nossa casa verde tb.

    bjs,

    Lua

    ResponderExcluir
  2. Adorei o nome do blog...e como vão as ideias para o nome da casa??? Coloque as sugestões mais legais...assim ficamos por dentro tbm!!

    ResponderExcluir
  3. logo logo vou postar algo sobre o nome da casa... já temos mais de 30 sugestões!

    ResponderExcluir

Acho que isso também te interessa.../Creo que tambien te va a interesar...

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