10/06/2011

A escolha do lugar

Acho que tudo começou a uns dois ou três anos atrás. Nossa pretensão era mínima e nem pensávamos em coisas sustentáveis como agora. Queríamos ter um lugar para morar e a idéia era reformar e ampliar um quarto que minha mãe tem ao lado da casa dela, construção tradicional. Acho que precisamos de uns três meses para ter uma planta definida. Mas aí, fomos vendo todos os contras do projeto e em menos de um mês, essa idéia foi descartada. 

Mudamos a localização da futura casa. Agora não estaríamos "grudados" na minha mãe, e sim num terreno ao lado da casa dela. Mais alguns meses de rabiscos para afinal concluir que aquele também não era o lugar ideal.

Foi minha mãe que deu a idéia de construir no "campinho" (quem já foi no sitio sabe de onde estou falando). O terreno é totalmente plano, em um lugar alto, com uma boa vista da paisagem. Para definir a planta baixa, acho que fiquei um ano inteiro. Era difícil, porque apesar de grande, o terreno é estreito. E vários fatores influenciavam no desenho: todos os quartos deveriam ter janelas voltadas para o leste, para receberem luz na parte da manhã; os banheiros e a cozinha deveriam estar próximos, para facilitar o encanamento;  a cozinha tinha que ser bem arejada; a sala deveria ter a vista para o lado mais bonito da paisagem, entre varias outras “exigências” minha e do Gonzalo, detalhes, que influenciavam e muito na definição do desenho.

Nessa mesma fase, começamos com aquela historia de reciclagem de lixo (para os que não conhecem essa nossa fase, pode ver alguma coisa aqui: http://www.resistekilombo.blogspot.com/), e aos poucos, o projeto da casa foi sendo influenciado por essas idéias de sustentabilidade. Passamos a pesquisar profundamente sobre o assunto, e quanto mais descobríamos mais idéias tínhamos para a casa. E aí foram uma, duas, três... Acho que dez plantas diferentes!

Descobrimos comunidades, ecovilas, gente que se dedicava à bioconstrução no Brasil e no mundo. Livros, filmes, sites... Fomos devorando toda o tipo de material sobre o assunto e aprendendo (ou reaprendendo) sobre a arte de construir a própria casa de maneira ecológica. Digo "reaprendendo" porque antes, essas técnicas eram comuns e eficientes. As famílias construíam suas casas, e usavam materiais simples como a terra, pedras, madeira. Hoje ainda, podemos encontrar casarões antigos feitos de adobe, sem cimento. Também na Europa não é difícil encontrar obras misturando pedras, terra e madeira, de mais de 100, 200 anos de idade que continuam em pé. 

Alias, quando o cimento surgiu, houve uma forte mudança de conceito, e as casas de terra passaram a ser vistas como "coisa de gente sem recursos". Mas isso a gente já conhece: quando a indústria precisa vender, acaba apelando na falsa propaganda...

Apesar de toda a informação que estavamos juntado, eu tinha medo de começar com esse projeto alternativo, então consultei duas pessoas que foram muito importantes na minha vida acadêmica: a Gerlene e a Fátima, minhas eternas professoras da Universidade. E delas ouvi o que precisava:  "sim, esse sonho é possível!"

Outra pessoa, que nos deu algumas dicas, foi minha amiga da escola, e hoje arquiteta, Carol Limoli. Por sorte, uma pessoa que também curte e sabe sobre construção sustentável. Incentivou a idéia e me passou mais segurança.

Quando voltamos para o Brasil, fomos ver o terreno, tiramos fotos, medimos e imaginamos... Nossa casinha seria ali, no “campinho”, até um novo fator mudar nossos planos outra vez: minha mãe queria recuperar uma parte do sitio que tinha vendido há alguns anos atrás. Este pedaço de terra é especial por dois motivos: o primeiro é que fica no final e no ponto mais alto do sitio, por isso não tem acesso às vias publicas, como se fosse uma "rua sem saída". O segundo ponto, é que possui uma área de mata protegida.  Imaginamos o futuro, se essas terras estivessem em outras mãos, esse pequeno tesouro sendo destruído, virando pasto ou uma plantação (conseqüências das propostas do novo código florestal)... Bem, junto com a minha mãe, acabamos recuperando esse pedaço

Novamente mais croquis e mil variantes de plantas até chegar à definitiva.

O exato lugar onde vamos "plantar" o nosso sonho já tem uma plantação de vagens. A última colheita será no final de junho/inicio de julho. A partir daí, poderemos colocar a mão na massa, ou melhor, no barro...

vista do terreno no inicio de maio, olhando para o noroeste - vagens ainda germinando


FRUTA MADURA (sessão de dicas)

Bioconstrução:
=> Veja aqui, no Blog Caiçara, uma casa construída com garrafas PET!
=> No Blog A Casa da Montanha, uma receita de reboco com terra: aqui
=> Para as criancas, um castelo ecológico, no Blog do Rodrigo Barba.

Eventos:
=> Concurso da GE: "Como te imaginas la casa del futuro?", no blog "Tu verde.com"
=> O Blog Caiçara divulga a campanha "Onde descartar o lixo eletronico."
=> Paginas Verdes divulgam o curso
=> Instituto Arca verde oferece o Curso de Bioconstrução nos dias 23 a 26 de Junho
=> No dia 18 de Junho acontece em Coin, Málaga, a mostra de "tecnologias artesanales sustentables", por Basurillas
=> Faça você mesmo: curso de aquecedor solar, nos dias 15 e 29 de Junho, na Sociedade do Sol - Paginas Verdes.org
=> Curso de Permacultura profunda, no Ipema, de 23 a 26 de junho.

Filmes:
=> Vejam o trailer do Filme "Second Hand"

Receitas:
=> Veja como fazer um cesto para pregadores reciclando uma embalagem plástica, no "El mundo Reciclado"

2 comentários:

  1. AMO vagens - já guarda algumas para mim..rs

    Curti o lugar, parece amplo, e bem verde. Do jeito que gostamos!!

    Amei a sessão de dicas: depois vou olhar tudo, afinal esse tb é o meu sonho. Sonho possível, mas ainda vai demorar um poucão.

    bjs

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  2. As vagens estão gigantes e a paisagem já mudou. Mas pode vir, que tem um monte para colher ;-)

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Acho que isso também te interessa.../Creo que tambien te va a interesar...

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